domingo, 1 de maio de 2011

Pai

A chuva que cai do céu
Não lava a minha alma
Que está tão carregada de sujeiras
Todas trazidas da estrada
Pela qual eu caminhei
E de bom não trouxe nada.

Ao chegar em casa
De mãos tão vazias
Quanto a minha alma
Vislumbro no rosto do meu filho,
Menino recém - nascido, o desespero
Por passar mais um dia com fome
E pensar, se for capaz
Que talvez não terá mais um dia de paz.

Saio mais uma vez
Em busca do pão bendito,
Pelo qual hoje em dia
É um bom motivo para se fazer inimigos.
Me ajoelho, me humilho,
Não consigo o que me é querido,
E ao voltar para casa,
Mais uma vez sem nada
E saber que meu menino tinha morrido,
Graças a minha incapacidade.
Eu paro, penso:
Talvez tenha sido mal da idade.