terça-feira, 8 de outubro de 2013

Reencontro

A flor que não é minha
Se exibe ao meu olhar
Linda, lisa, leve e negra
Traz consigo o cheiro do mar

A voz doce oculta outros amores?
Creio que não, mas ela me permite pensar:
Buscas algo diferente, complemento, uma ponte
Para o seu coração insular.

Não trago nada a ela
Porém ela não me quer abandonar
Tão próximos sem estarmos juntos
Por que não nos afastarmos
E só buscarmos aos outros amar?

Nos privando da nossa presença
E ocultando a nossa carência
Fomos incapazes de nos enganar.
Não sei definir o que é amor,
Se você sabe, diga, seja o que for!

Só me seja pertinente, mesmo trazendo
Uma explicação incoerente
Sobre esse sentimento transcendente,
Único, pois é despercebido pelo mundo,
Que desconhece distâncias
E acaba ligando a gente

Unidos num só corpo
Onde batem dois corações
Ecoando como se fossem um só
Soam duas vidas encontradas, dadas um nó.

domingo, 22 de setembro de 2013

Realidade Aumentada

Na busca pelo que achamos ser a melhora da vida
Despedaçamos vidas alheias, restando somente
A nossa individualidade e essa nos faz buscar no outro
Também outro destruidor, o amor e a igualdade.

Formando num conjunto falso a exemplar realidade,
Mesmo não se tendo um conceito definitivo do real
Seria a vida resumida numa existência presumida
De constante igualdade, ou por si naturalmente desigual?

Ir ao encontro dessa resposta requer uma jornada complexa
Na qual não tenho competência para embarcar
Porém, meias verdades são suficientes para provarem
Os fatos nos quais as mentiras são dogmas insurgentes

Mas sem a definição da realidade, como afirmar o que é falsidade?
Ações desinteressantes para os indivíduos relatores dos fatos
Ou o julgamento raso, feito por alguém sem conhecimento de caso?

Talvez isso não tenha importância, pois
Enquanto perdidos em devaneios
Acumularemos erros e estes resultarão
Numa vida mal vivida, ou vivida pelo meio,
Sem uma Felicidade, falsa ou real.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Outras Coisas

A supressão de um sentimento
Me faz te amar duas vezes
Força desperdiçada que podia
Ser usada, para amá-la muito mais!

A distância me cega e coíbe o meu desejo
Enxergo somente a mim e
Não sinto mais os seus beijos.
Desventura do meu ser, que agora sem ti
É incompleto, solitário e só tem a dor ao lado.

Não sei definir o que é amor
Porém, tenho quase a certeza
De que o mais puro dos sentimentos
Não termina em sua essência
Nem destrói os nossos pensamentos.

Gata Morta

Pelo seu olhar obtuso,
Concentrado e belo
Vislumbro um mundo inexistente
Paralelo ao mar vermelho
Transbordando sangue inocente.

Realidade suave e distorcida
Que só se permite ser observada
Pelo olhar de uma gata,
Aliviada, atropelada, parida
Ciente de tudo e dos pensamentos de todos
Que por ela passam.

Poderia haver uma desinência
Para manter a rima e empobrecer a escrita
Porém, não felicitaria a história.
Isso só reflete a incapacidade do autor
De repassar um simples fato
Acontecido na vida de uma gata morta.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Outra Estação

Em um dia especial no qual o amanhecer vem sem a companhia do Sol
Eu minto para mim mesmo e não aceito o fato de estar só.
Mas a solidão não se trata de uma companhia qualquer,
Da pessoal especial e talvez amada vem a cura para essa ferida.

Sanar a dor que vem de dentro é muito mais difícil do que penso
Porém, mesmo ficando contra as minhas conjecturas
Tenho que matar as coisas boas dentro de mim,
Pois não podemos contar com o vento. Um aumento, nem pensar!

A combinação entre um assassinato complicado
E um assassino inexperiente é a dor infindável da vítima
Causada pelo sicário amador, incapaz de se revelar a si,
Como a pessoa capaz de reverter aquele amor que não pode ser sentido.
Sofrendo um pouco mais, me pergunto o por que de ter vivido?

Sem você, logo, sem amor não há motivos para ter existido,
Me escondo do mundo por dizer uma coisa dessa,
Fazendo questão de poupar o próximo de ouvir lamentações funestas
Onde tudo acaba e nunca começa, e não há motivos para felicidade.


quarta-feira, 19 de junho de 2013

O Começo

É a espontaneidade criticada por Lênin?
Não sei. Uma revolta popular desorganizada?
Parece. Porém todos unidos numa coisa
Que não é futebol, samba ou preces.

Consciência social? Talvez. Mas só por mudar a rotina
E mostrar aos opressores democráticos que de agora
Em diante, estaremos todos,
Independentemente de qualquer diferença
Buscando a melhoria das vidas de quem sofre nessa sina.

Complicada, que já coloca na formação da nacionalidade
O seu peso sobre as costas dos trabalhadores,
Classe que sofre por todos as dores da mãe gentil
E ela somente existe num hino onde a perfeição da forma
É o seu podre objetivo, e por isso falam de uma país varonil
E nós, todos oprimidos, sabemos não ser o Brasil.

Mas isso não é mais importante, pois a todo instante
Mostramos a capacidade de mobilização que precisa ser constante
E com ideais bem definidos para a tornar a marcha maior
E buscarmos êxitos nos sentidos que a mesma terá recebido
Dados pelos famintos populares, clamantes de igualdade.

segunda-feira, 6 de maio de 2013

5 de maio de 2013. Lembranças avessas.


Do alto do morro o Sol brilha e
Me faz todos os dias uma visita
Mostrando a necessária continuidade
Da existência, do homem e da vida,
As dúvidas que tenho não abalam e
Tampouco desvirtuam os meus credos.

Esses, vislumbram pelo meu caminho
As sensações de amores, inferno longínquo
Ao alcance de todos,  pobres humanos sofredores
Inconscientes da sua insignificância espalham pela
Terra toda a sua ignorância e cultivam as dores.

Em dias diferentes, que são aqueles, onde as coisas
Repetitivas, seguras pelo nosso despreparo, invadem
Às nossas vidas e modificam sempre para pior o caminho
A continuidade límpida dos momentos felizes que
Até então nos cercavam com carinho. Adeus.

Agradeço pelas dores eternas serem constituídas
Por um momento, onde, apesar de sentirmos todo o tempo
Não ficamos presos  e saímos por meio de impulsos de felicidade
Onde nem a mediocridade da escrita, nem a redundância etimológica
Retirará as marcas de tristezas e alegrias vividas. Nem em outra vida.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Dúbia


Juntos podemos mudar o mundo.
E como será após a mudança?
Terão pessoas de mãos dadas
Construindo uma nova sociedade
Ou estarão pesando os destroços rentáveis
Numa balança americana?

Projetada socialmente e lapidada de forma objetiva
A nova sociedade nos garantirá liberdade
Por somente existir devido a nossa luta
Ou restringirá pensamentos visionários,
Destoantes dos que sejam por todos pensados?

Porém me adianto, é preferível morrer
Em busca de uma mudança do quê
Subsistir sem desfrutar o bem estar e ter aonde ir
E só existimos para sentirmos dores das feridas
Das quais não temos culpas, mas parasitados
Seremos aniquilados pela imobilidade adquirida.

Enquanto indivíduo, me vejo no direito de duvidar sempre
De tudo e de todos, mas ao passar a integrar um meio
Batalharei pelas causas maiores, que mesmo não me sendo
Totalmente avindo, me permite, instintivamente
Lutar pelo bem maior e postergar o fim de um planeta
Chamado Terra, no qual não vivo, resisto!

domingo, 28 de abril de 2013

Amores Passados

Não me lembro do último instante
No qual estivemos juntos, distantes
Do mundo, perto de ti, tudo me é tirado.
Sou dado a vida, advinda de espasmos
Oriundos da doçura dos teus lábios.

Me pego preso àquele instante
E consequentemente a você.
Unido ao seu corpo passo o tempo transcorrido
E em outra dimensão aduzo sinceros sentimentos
Na vã tentativa de controlar o pensamento
Da pessoa que amo, e assim eternizar nosso momento.

Às vezes chego a ter certeza dos problemas
Causados pelas minha dúvidas sobre a duração
Das nossas vidas enquanto uno.
Mas quando trago você para mim,
Lhe abraço e beijo-a, felicitamo-nos
Admirando as coisas simples do mundo.



domingo, 31 de março de 2013

Meio

Com a vida que tenho, dita confortável por uns
Sentida, sofrida por mim, e verdadeiramente
Inóspita. Busco mudanças além das formas.

Capazes de construirmos um mundo perfeito,
Só na teoria, pois, verdadeiramente, o mundo
Fica para os que foram eleitos.
Seres hipócritas que não trazem, nem a mentira
Dentro do peito. Isso faz algum sentido?

Muitas vezes me confronto, não sei,
Quais dos eus estão certos?
O que individualiza a mudança
E não divide a herança a quem lhe fez,
Por excelência, sem escolha, sobrecarregado, pujante.
Ou o eu, muito mais próximo a mim,
Contrário, até aos meus desejos, que vê
Na necessidade igualitária popular,
Em todos os aspectos sociais, a única perspectiva
De manter a nossa ignóbil espécie viva?

Quanto mais me aprofundo, nesse mundo sem fim.
Me pergunto se seria o homem capaz, de viver, ter
E deixar também o outro ter e ser em paz?
Me pego descrente, pois algo, até então desconhecido
Porém percebido de modo inerente a todo humano
Nos torna uma espécie decadente, ausente e sem planos.

Insustentável, o sistema se mostra. Porém seremos
Capazes de modificá-lo utilizando uma coisa velha,
Que sempre se renova e nos mostra a saída da cova?
Acredito que sim, mas isso só se realizará quando
As pessoas deixarem de se(rem) bifurca(das)r.

quarta-feira, 20 de março de 2013

Pandora

No começo não era nada
Logo, alguma coisa bela, porém,
Desconhecida ali havia.

Sem saber sobre o exposto,
Astuto, mas, infeliz homem
Interpretou  ao seu gosto.

A partir de então o incompreendido
Passou a ter todo sentido
Nas vidas até então independentes.

Doentes, assim, nós ficamos esperando
Um acontecimento a cada ano,
Que mude as nossas vidas.

E por termos essa esperança nos abstemos de viver.
Talvez por isso, esse acontecimento nunca venha a acontecer.



domingo, 17 de março de 2013

Pensamentos de um Bovino Durante a Seca Nordestina.


Sem você, não sei quanto tempo suportarei
Não me alimento, sequer enxergo
Deitado todo o dia, será que tenho ego?

O alimento me dado na boca, não é o bastante
Por isso gasto o tempo com sonhos,
Visões e amores distantes.

Mas quando cai a água do céu trazendo amor e vida
De nada antes eu me lembro
Sinto o sofrimento de partida.

Tudo ao meu redor fica verde,
O sertão ganha vida
Triste do sertanejo, que mesmo sofrendo menos
Não tem uma vida digna.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

1 X N (Compartilhamento Sentimental)

O que há entre as pessoas atualmente
Não passa de um compartilhamento sentimental
Que por ter vindo de tão distante chega sem força
E por isso o amor não chega ao amante.

Enquanto essa falha estrutural adquirida
Por nós não for corrigida
Viveremos da mesma maneira
Que se vive entre seres sem vida.

Não sei definir como será, porém chego a refletir:
Sem admiração aos outros, discussão de ideias,
Amores verdadeiros, aprendizado, enfado,
Todos de braços dados, afogados,
Num imenso mar de informações,
Inutilizado pelo sábio, solitário, dotado de um poder imaginário
Dizendo o que é e o que não.

A liberdade ao nosso lado não será percebida
Enquanto vivermos a vida sem nos responsabilizarmos
Pelos atos, até mesmo os crassos, e tentarmos corrigi-los.

Repetirei o clichê: errar é humano.
Para que as pessoas não o digam da boca pra fora,
E saibam, que mesmo não havendo uma segunda vida há uma volta.

Onde ao repararmos as falhas impediremos um coma social
E faremos da terra um lugar dignamente humano
Pois mesmo havendo diferença será somente um mundo.
Sem classes, reestabelecendo a todos a liberdade.